Devemos falar sobre morte com as crianças?
É essa a grande questão: devemos falar sobre morte com as crianças ou esperamos as coisas acontecerem para tocar no assunto? Livros que abordam a morte para crianças? Tá doida Nina? Por que não? Precisamos conversar com as crianças sobre tudo o que as cerca: vida, morte, medos, angustias, alegrias. É preciso tirar a cortina do medo e abordar temas que muitas vezes são difíceis para nós, adultos, mas que podem ganhar novo significado na vida das crianças. Nascemos e morremos – PONTO. E a meu ver não adianta buscar um livro “sobre morte” quando ela bate na nossa porta. A leitura deve fazer parte do dia a dia e os livros não devem ter apenas histórias leves e alegres! A diversidade de temas é fundamental
Trago hoje a primeira parte de uma listinha de livros ilustrados que abordam esse tema de forma delicada e extremamente tocante. (CLIQUE NO NOME E COMPRE!)
Aqui está a minha listinha de livros que abordam, cada um do seu modo, a morte. Semana que vem tem mais!
Roupa de Brincar. Eliandro Rocha e Elma. Pulo do Gato. A paixão de uma menina pela tia, suas roupas coloridas e as brincadeiras no roupeiro. Até que as cores desaparecem e o preto prevalece, assim como a tristeza. Como continuar a brincadeira? Uma abordagem poética sobre o luto e o renascimento daqueles que ficam. Lindo, lindo e lindo. Talvez eu diga mais uma vez, Lindo! O casamento perfeito entre texto e imagem. Ambos se completam na poesia.
Pode chorar coração, mas fique inteiro. Glenn Ringtved e Charlote Pardi. Companhia das Letrinhas. Pode chorar meu amor mas fique bem: Dona Morte, por que a nossa vovó precisa morrer, se ela é a pessoa que a gente mais ama no mundo?” Foi o que as crianças perguntaram depois da morte tomar muitas xícaras de café e dizer que era chegada a hora de subir ao quarto da avó. E a morte, que embora tivesse fama de coração seco, revelou um coração pulsante e de Amor intenso pela vida. A Senhora de capa preta, cuja foice estava na porta contou para as crianças uma linda história que os fez pensar sobre o valor da vida.
Esse é daqueles livros que dão nó na garganta e no final deixam a sensação de brisa. Falar sobre temas delicados como a morte com um toque de poesia só pode nos fazer bem! O que seria do dia se não tivéssemos a noite? E da vida sem a morte?
A Gota de água. Raimon Panikkar e Inês Castel-Branco. Tão difícil falar sobre a morte. E nem ouso dizer que esse tema é difícil de ser abordado com os pequenos… não… Todos vivemos essa dificuldade dentro de nós mesmos!
Com extrema delicadeza nas palavras e ilustrações, A gota de água faz refletir sobre a morte traçando um paralelo com a água. Seremos nós a gota de água ou a água da gota?
Livro para ser lido e re-lido muitas vezes. Pra remexer águas e promover reflexões.
SEMPITERNO. Anna Cruz e Pablito Aguiar. Eu vi esse livro nascer e não imaginava que ele chegaria bem naquele momento em que meu sofá teria um espaço vazio. .
Sempiterno: Adjetivo 1- que dura ou vive sempre; continuo, eterno, perene, infinito. 2- Que é muito antigo. Quantos espaços vazios já temos no sofá…
Passeio. Pablo e Alexandre Rampazzo . Gato Leitor. Alguns livros me deixam sem palavras. Como se remexesse meu mar, movimentando águas profundas. Aí não tenho muito o que dizer, porque emoção não se explica. .
A vida nada mais é que um passeio. Um vento. Uma brisa. Momentos simples e cheios de memórias. Eu suspirei ao ler esse livro. Como se eu sentisse o vento no rosto. O tempo que passa. A simplicidade que marca. .
A relação entre pai e filha ao longo do tempo. Da vida. Sim… a vida que finda. E recomeça. São tantos passeios.
Para onde vamos quando desaparecemos. Isabel Minhós Martins e Madalena Matoso. Tordesilhinhas. Porque, para alguma coisa desaparecer, é preciso que alguém a tenha visto primeiro e dado pela sua falta depois.” Essa é uma grande questão: Para onde vamos quando desaparecemos? ” “Podemos terminar em lugares inesperados, subir até o céu, formar praias podemos voltar outra vez ou ficar sempre aqui.”
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Pedro e Lua. Odilon Moraes. Jujuba. Pedro leu em um livro que a lua era uma grande pedra flutuante. Um dia, caminhando sem olhar para o chão, tropeçou em uma pedra (caída da lua, só podia…) e pensou que ela tinha saudade de casa. Outra vez, em suas andanças, encontrou uma linda pedra. Ops… não era pedra, era uma tartaruga! Agora seu nome seria Lua! Livro lindo, sensível, repleto de amizade e saudade. Com ilustrações cheias de história do querido Odilon.
O vovô da Lalá: Esse livro conta a história de Lalá e seu avô. A história é linda e fala sobre a saudade que a menina sente com a morte do avô. Marina leu esse livro em 2018. Não falamos especificamente sobre a morte. Lemos. Uma leitura que fluiu sem muitas questões. Marina amou o livro e até levou pra escola na época. Depois passou… e o livro ficou lá na prateleira. Nunca mais pegamos. 15 dias após a morte do meu avô, em 2019, adivinhem? Marina foi lá e pegou. Pode ser coincidência ou não… quando perguntei o motivo da escolha ela disse: fiquei com vontade. .
O que sempre falo nos encontros de literatura. O Livro não é pílula salvadora nos momentos difíceis, mas é capaz de acalentar um coração quando o hábito da leitura existe. .
Arturo. Davide Cali e Ninamasina. Pallas. Um livro sensível que, através de fotografias (de um cão de pelúcia por diversas paisagens reais) apresenta a busca por alguém que nunca volta. Uma espera sem fim. A ausência de notícias. .
Agridoce Nostalgia. Tatiana Belinky, @paulinas em forma de poesia, narra a experiência de uma menina que perde o pai e vive o medo da ausência. Um livro sensível que toca #todasasinfancias, com ilustrações de Elisabeth Teixeira.
O coração e a Garrafa. Oliver Jeffers. Salamandra. Quantas vezes já encontramos “cadeiras vazias” e resolvemos colocar nosso coração em um lugar mais seguro, por pura insegurança…Eita livro lindo meu Deus.
Mari e as coisas da vida. Tine Mortier e Kaatje Vermeire. Pulo do Gato. Suspiros e mais suspiros todas as vezes que nos encontramos. Eu e Mari. Esse livro fala sobre coisas da vida. Sobre perder as palavras e muitas vezes perder o direito de agir. Mari transpôs muralhas e fez com que sua avó tivesse o direito de agir. Juntas elas foram para perto do avô, ou do seu corpo… que lugar frio… O lugar do adeus. E quantas imagens lindas esse livro traz..
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